COP30 – Belém do Pará 📈🌱💡 Tendências e Oportunidades decorrentes desta conferências das partes sobre a mudança do clima
- Fernando Gouveia
- 12 de nov.
- 4 min de leitura

🟢 NA ZONA VERDE (FOCO EMPRESARIAL)
A Zona Verde em Belém está sendo o palco principal para o setor privado e o "terceiro setor" demonstrarem soluções e, crucialmente, buscarem financiamento.
1. Para o Setor de Infraestrutura (Adaptação e Energia)
O tema dominante é a adaptação e a resiliência climática. Os eventos extremos não são mais uma projeção futura; são um fator de risco operacional presente.
Tendência: "Infraestrutura Verde" e Resiliente: Os painéis da Zona Verde não discutem apenas a redução de emissões na construção (cimento verde, aço de baixa emissão), mas sim a adaptação da infraestrutura existente.
Discussão (Zona Verde): Painéis sobre soluções de engenharia baseadas na natureza (ex: recuperação de mangues para proteção portuária, bacias de contenção urbanas) estão atraindo grande interesse de bancos multilaterais de desenvolvimento (MDBs).
Oportunidade (Mercado): Empresas de engenharia e infraestrutura que dominarem projetos de adaptação(ex: reforço de pontes, elevação de vias, proteção de redes de transmissão) terão acesso prioritário a financiamento climático dedicado (Fundos de Adaptação) e Green Bonds específicos para resiliência.
Tendência: Transição Energética (O "4x" de Belém): A iniciativa "Belém 4x" (quadruplicar combustíveis sustentáveis até 2035) é um sinal claro de mercado.
Discussão (Zona Verde): Os pavilhões do setor de energia estão focados no gargalo do Combustível Sustentável de Aviação (SAF) e no hidrogênio verde. O Brasil se posiciona como a plataforma ideal para ambos.
Oportunidade (Mercado): Para clientes de infraestrutura, a oportunidade reside na construção das plantas de biorrefino (SAF, HVO) e nas plantas de eletrólise (H2V). Para clientes do agronegócio, reside no fornecimento da matéria-prima (biomassa, etanol de segunda geração, óleos vegetais).
2. Para o Setor do Agronegócio (Rastreabilidade e Bioeconomia)
Para o agronegócio, a COP30 está consolidando a transição da narrativa de "vilão" para "provedor de soluções".
Tendência: Bioeconomia Amazônica (Além da Commodity): A Zona Verde está repleta de startups e cooperativas apresentando produtos da sociobiodiversidade.
Discussão (Zona Verde): O debate é como escalar a bioeconomia sem "comoditizar" a floresta. Discute-se a agregação de valor (ex: da castanha ao cosmético; do açaí ao nutracêutico).
Oportunidade (Mercado): O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), se capitalizado, pode financiar projetos que mantenham a floresta em pé. Clientes com propriedades rurais na Amazônia Legal podem explorar Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA) e projetos de Bioeconomia Regenerativa.
Tendência: Financiamento Misto (Blended Finance):
Discussão (Zona Verde): Como usar o dinheiro público (doações de filantropia e governos) para "alavancar" o investimento privado em agricultura de baixo carbono (Plano ABC+).
Oportunidade (Mercado): Estruturação de Fiagros "verdes" (Fundos de Investimento nas Cadeias Agroindustriais) ou CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) atrelados a metas de redução de emissões ou regeneração de pastagens. A Zona Verde é onde esses fundos encontram os projetos-piloto.
⚖️ Análise de Risco (Novas Obrigações de Compliance)
O risco de compliance não surge apenas da lei brasileira, mas das exigências de mercado discutidas na COP.
Risco 1 (Imediato): Rastreabilidade de Cadeias (EUDR):
Contexto: Embora a Regulação Antidesmatamento da União Europeia (EUDR) seja pré-COP, os debates na Zona Verde sobre rastreabilidade são intensos. Empresas europeias buscam parceiros brasileiros que possam fornecer os dados de geolocalização da origem dos produtos (soja, carne, café, madeira).
Implicação de Compliance: Clientes do agronegócio que não implementarem sistemas de rastreabilidade "do pasto ao porto" (incluindo fornecedores indiretos) enfrentarão, em curto prazo, o fechamento do mercado europeu. Este é o maior risco de compliance não-estatal em discussão.
Risco 2 (Médio Prazo): Taxonomia Sustentável e Reporting:
Contexto: A Zona Verde discute a padronização global de reporting de sustentabilidade (como as normas do IFRS S1 e S2). O Brasil está avançando em sua própria Taxonomia Sustentável.
Implicação de Compliance: Em breve, o acesso ao crédito (especialmente internacional) exigirá due diligence climática e o reporte obrigatório de emissões (Escopo 1, 2 e, o mais complexo, Escopo 3 - cadeia de valor). Clientes de infraestrutura e agro terão que se adaptar a essa nova contabilidade climática.
Risco 3 (Emergente): Litigância Climática:
Contexto: Os painéis sobre "Justiça Climática" e "Direitos Humanos" na Zona Verde fortalecem a sociedade civil.
Implicação de Compliance: Empresas que fazem promessas de "Net Zero" (neutralidade de carbono) sem um plano crível estão se expondo a ações judiciais por greenwashing. Da mesma forma, projetos de infraestrutura que falhem em considerar a adaptação climática (ex: barragens que rompem por chuvas extremas) podem ser alvo de ações de responsabilidade civil por danos climáticos.
📈 Análise de Oportunidade (Novos Mercados)
As oportunidades derivam diretamente das regras que estão sendo negociadas na Zona Azul, mas são "precificadas" e estruturadas na Zona Verde.
Oportunidade 1: O Mercado de Carbono (Artigo 6):
Contexto: Esta é a maior expectativa da COP30. A Zona Verde está repleta de desenvolvedores de projetos, certificadoras e brokers aguardando a finalização das regras do Artigo 6.4 (o mercado regulado global).
Implicação de Mercado (Agro): A regulamentação do Art. 6.4 destravará o potencial do carbono no solo. Clientes do agronegócio que adotam práticas regenerativas (plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta) poderão gerar e vender créditos de carbono com alta integridade e valor agregado.
Implicação de Mercado (Infra): Empresas de infraestrutura poderão usar o Artigo 6.2 (acordos bilaterais entre países) para financiar seus projetos de descarbonização (ex: troca de frota de combustível fóssil por elétrica, financiada por um país que comprará esses resultados de mitigação).
Oportunidade 2: "Conservação Produtiva":
Contexto: O reconhecimento de que a floresta em pé e a biodiversidade têm valor econômico.
Implicação de Mercado: Clientes com grandes áreas de Reserva Legal (RL) ou Áreas de Preservação Permanente (APP) preservadas podem ir além da mera obrigação legal. A Zona Verde discute como remunerar esses "ativos". A oportunidade é monetizar essa conservação via PSA ou até mesmo os emergentes "créditos de biodiversidade" (BioCréditos), que começam a ser estruturados por bancos.



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